3 de janeiro de 2013

Pingo José Luís Peixoto


No dia 26 de Dezembro de 2012, às 19h00, aproveitei o facto de estar no Alentejo para conhecer o local onde nasceu o escritor português que tanto admiro José Luís Peixoto e de quem estou a ler o livro "Abraço"- Galveias. Uma vila muito simpática que custou um pouco a alcançar, mas que adorei ao primeiro vislumbre. A caminho, desde Ponte de Sôr, vi a Capela do Senhor das Almas, ali mesmo, à beirinha da estrada. Já na vila, a Igreja Matriz, alva e imponente, mesmo junto a um palacete impressionante de tão belo que é. Neste local, ao ver uma senhora com ar simpático aproximar-se de mim enquanto tirava umas fotos, resolvi perguntar se sabia onde era a casa do escritor, ao que me respondeu que era para os lados do campo de futebol. Como já tinha passado por um praça onde se encontrava a Capela da Santa Casa da Misericórdia, no centro da qual se via uma luminosa árvore de Natal e onde havia uma placa a indicar a direcção do campo de futebol, resolvi então seguir esse caminho e procurar a rua José Luís Peixoto e tentar perceber qual seria a casa. Passei pela Casa da Cultura, um edifício grande e que acredito que tenha muito para mostrar das gentes desta simpática vila e após andar um bom bocado, lá vi novamente uma placa que indicava o campo. Segui-a e pouco depois, encontrei a tão esperada rua. Agora só faltava descobrir qual seria a casa para deixar lá o meu pingo ;)

Não foi difícil. Teria que ser uma com um pequeno quintal (pois acreditava pelo sentimento presente na sua escrita que era verdade que teria um espaço onde a sua mãe plantara algumas rosas). Percorri toda a rua e resolvi apostar numa casinha pequena bem arranjadinha e com um quintal ainda razoável. Sentei-me ali a escrever a mensagem que iria acompanhar o meu pingo quando a senhora da casa da frente passa e me dá as boas noites. Perguntei-lhe se era essa a casa do José Luís Peixoto, ao que me respondeu que sim, mas que tão cedo não iria à vila pois uma pessoa da família estaria doente. Disse-lhe que não era conhecida nem dele nem da família e que apenas era uma fã e que estava ali para lhe deixar uma mensagem. A senhora disse-me logo que poderia deixar na caixa do correio pois diria a um senhor, que passaria por lá no dia seguinte, para lha entregar. Agradeci imenso e fiquei ao mesmo tempo ainda mais bem impressionada com estas gentes que são tão humildes e simples que confessam assim pormenores das suas vidas sem pensarem que a pessoa que os recebem podem ser maldosos e aproveitar-se disso. Ainda bem que eu só tinha boas intenções... Espero que o José Luís Peixoto dê um recado à senhora para que tenha mais cuidado... Depois de fotografar o pingo, voltei a percorrer aquelas ruas cheias de histórias, de coração cheio, até ao meu carro, que ficara junto à Capela de S. Pedro, à entrada na Vila.

À entrada da Junta de Freguesia, alguns versos podiam ler-se sobre a vila (havia mais 2 quadras, mas enganei-me e apaguei a foto focada):

A. D.
MCMLVIII
I
Galveias sou, já fui um município
Com pelourinho erguido no terreiro
Pela graça d'el Rei D. João Terceiro
Que me fez vila e me outorgou princípio.

II
Hoje o que sou? O resto, a freguesia...
Mas eu do meu intento não desisto,
Pretendo ser um pouco mais do que isto.
E aqui gravado fica... Até um dia!

A minha mensagem foi a seguinte:
"Em 1992, um cargueiro transbordou no caminho da China para os Estados Unidos da América, espalhando 29000 patinhos no Oceano Pacífico. Dez meses depois, os primeiros patinhos chegaram à costa do Alasca. Desde esse dia, foram encontrados no Hawai, na América do Sul, Austrália e navegando a caminho do interior do gelo do Árctico, mas 2000 deles foram apanhados pela corrente do pacífico norte, um vórtex de correntes que se movem entre o Japão, o Alasca o noroeste do pacífico e as ilhas Aleutian. O que quer que seja apanhado por esta corrente, normalmente permanece na corrente, condenado a viajar o mesmo caminho, para sempre navegando as mesmas águas. Mas nem sempre. Os seus caminhos podem ser alterados por uma mudança no tempo, uma tempestade marítima. Vinte anos depois de se terem perdido no mar os patinhos continuam a chegar a praias de todo o mundo e o seu número dentro da corrente decresceu, o que significa que é possível haver uma libertação. Mesmo depois de anos a circular nas mesmas águas é possível encontrar um caminho até à costa."

Retirado de um episódio da série americana "Touch"

FELIZ 2013! ;)

9 comentários:

  1. Ana, gostei dos teus pingos e da terceira foto da fila de cima. Se me permites uma sugestão, coloca mais parágrafos nos teus textos. Torna-os mais fáceis de ler... :-)

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  2. Que pingo tão bem entregue. O José Luís Peixoto também é um dos meus escritores preferidos. E, ainda por cima, a minha família materna é dessa zona.

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  3. Galveias mesmo? Adorei a terrinha... :D
    Obrigada pelo teu comentário <3

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  4. Espero que tenhas aproveitado bem as férias de Natal :) já vi que o local deve ser muito bonito. O pingo ficou muito bem entregue e a frase é retirada de uma série que gostei particularmente. É preciso muito amor, dedicação e entrega para trabalhar com meninos autistas. Já tive essa experiência.
    Boa escolha da frase.
    Beijinhos
    <3

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  5. Obrigada Alexandra :)
    Foram umas boas férias, sim! :D
    Nunca conheci crianças autistas... deve ser uma experiência única poder trabalhar com elas. Deve ser um grande desafio e fonte inexgotável de aprendizagem!
    Obrigada por partilhares isso! <3

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  6. Além das belas imagens, a história que cercou o pingo e a mensagem deixada são emocionantes! :) Um abraço, lindo Ano Novo!

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